Magdalena: do backstage a referência mundial da cena underground

Quando falamos em artistas que inspiram, Magdalena, sem dúvidas, não pode passar despercebida. Uma artista completa que está imersa no mundo da dance music desde seus 15 anos de idade – sob influência de seu irmão, Solomun – e quando falamos completa, nos referimos a entender e ocupar espaços que vão além do palco: Magdalena é um dos nomes por trás do renomado selo Diynamic; é dona da label party Shadows, que acontece em Ibiza; já esteve por trás da gerência do famoso e extinto club EGO, em Hamburgo, onde também começou a discotecar e logo virou residente, o que abriu seus olhos para o que estaria por vir.

Seja tocando ou desenvolvendo outros projetos, Magdalena está em constante movimento e é uma verdadeira Business Woman. Toda sua experiência em diversas áreas do mercado da música eletrônica contribuiu para que ela marcasse seu nome na cena underground internacional como DJ, passando por grandes clubs com as festas do seu selo e também das festas da Mobilee, de sua amiga Anja Schneider – quem influenciou bastante para que Magdalena se tornasse DJ (mulheres ajudando mulheres, sim!)

Suas produções dentro do estúdio também são uma apreciação à parte. Com grandes remixes e alguns Ep’s lançados em selos como Mobilee, Movement e Click Records, Magdalena se estabeleceu como uma das grandes artistas femininas da cena underground, criando uma identidade singular regada a muita melodia e atmosfera marcantes. 

Seu último EP, Outlines, produzido durante o período de lockdown provocado pela pandemia, e lançado pelo selo inglês Bedrock Records, consolida mais uma vez sua identidade no Techno Melódico nos conduzindo a uma grande viagem introspectiva.

E então chegamos ao Brasil. Magdalena tem uma relação próxima com o país há muitos anos como raver, e o Warung é uma de suas paixões. Todo seu feeling enquanto artista a trouxe ao templo para se apresentar pela primeira vez em 2018, e recentemente ela retornou aos decks para comemorar o aniversário de 19 anos do club. E que comemoração! 

Magdalena é uma das grandes artistas femininas que já passaram pelo Warung, integrando a lista ao lado de artistas como Nicole Moudaber, Nastia, Anna, Blancah,  Eli Iwasa e Aninha. Ainda que em um número bem menos, ver mulheres se destacando a nível mundial abre ainda mais caminhos para que outras mulheres construam uma história sólida na música, e principalmente, conquistem o mesmo lugar de importância nos line ups dos maiores clubs e festivais do mundo. 

Confira nosso bate-papo com a Magdalena sobre sua recente passagem pelo Brasil!

Você tem uma relação bem íntima com o Warung há bastante tempo.. O que faz o club ser tão especial comparado a outros clubs fora do Brasil na sua visão?

Tocar no Warung é sempre mágico para mim. Provavelmente são vários fatores que se juntam neste club. A localização é deslumbrante, as pessoas na pista estão cheias de energia, mesmo de madrugada depois de uma noite inteira de festa e por último, mas não menos importante a hospitalidade é ótima e o pessoal do local é supersimpático. Em suma, uma grande mistura.

Antes de começar a tocar você gerenciava vários projetos através do selo da Diynamic, era booker, gerenciava club… Como foi pra você sair dos bastidores e se tornar uma das artistas mais relevantes da cena underground atualmente?

Em primeiro lugar, obrigado por me chamar de ‘uma das artistas mais relevantes da cena underground’. Eu não teria sonhado em ser chamada de algo assim alguns anos atrás.

Acho que realmente me ajudou o fato de já ter trabalhado na indústria antes de me tornar uma artista. Pude construir uma grande rede de contatos e realmente conhecia a cena e a música de dentro para fora, quando comecei a discotecar. Com certeza, essa base sólida é uma grande parte do meu sucesso hoje.

Em quais aspectos você acha que toda essa experiência no backstage te ajudou na construção da sua carreira?

Especificamente, isso me ajudou a ficar mais forte. O mundo da dance music nos bastidores costumava ser bastante dominado por homens quando eu comecei e eu realmente tive que lutar para abrir caminho para tudo isso. Ainda hoje nada pode realmente me fazer tropeçar e isso se deve à dureza que ganhei nos últimos dias.

Você também tem uma identidade forte dentro do estúdio, com melodias e timbres marcantes. Seu último EP, Outlines, mostra bem essa sua característica. Como funciona seu work flow no desenvolvimento das tracks?

Quando estou no estúdio, geralmente sento e começo a tocar, sem me preocupar muito com a música em ter os detalhes de equalização corretos. Tento ter um fluxo criativo e reunir algumas ideias. Se eu ainda gostar dessas ideias no dia seguinte, então as coloco juntas em uma trilha adequada e começamos a trabalhar nos detalhes. Esse foi o mesmo processo para meu EP Outlines, quando as três faixas do EP foram produzidas durante a quarentena.

Falando um pouco sobre referência, quais artistas mais influenciaram na construção da sua identidade sonora?

Eu geralmente não gosto de apontar artistas individuais, porque existem tantos produtores incríveis por aí. Resumindo, eu diria que sou influenciada pelos artistas que lançam no Diynamic, é claro, e também o Afterlife está fazendo um ótimo trabalho com seus lançamentos. Mas há tantos outros produtores underground desconhecidos que me enviam suas músicas e que toco em meus sets, que não quero citar um especificamente.

Agora que os clubs e festas estão voltando um pouco à normalidade, quais são suas expectativas e projetos para 2022?

Coisas interessantes. Claro que faremos nosso evento anual SHADOWS em Tulum no início de janeiro novamente e a partir daí minha equipe estará trabalhando em mais datas na América do Sul, EUA, Europa e Ásia novamente. No verão planejamos fazer mais dez festas SHADOWS na Cova Santa em Ibiza e além disso já estamos trabalhando em um projeto muito emocionante do qual posso falar mais sobre no futuro.

E para fechar: Sendo uma artista mulher e que ocupa vários espaços de poder no mercado da música eletrônica, quais conselhos você daria para mulheres que querem seguir o mesmo caminho?

Meu maior conselho seria não ter medo e apenas ir em frente. A indústria da música pode ser muito assustadora para jovens artistas, mas muita coisa mudou recentemente e não está mais tão sombria como costumava ser, então aproveite a chance e arraste-a. A indústria precisa de mais DJs do sexo feminino!

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