Entrevista exclusiva com Ekanta Jake, a pioneira do PsyTrance no Brasil

Conversamos com a pioneira do PsyTrance no Brasil, estreando com chave de ouro a nossa primeira entrevista nacional com exclusividade para o portal DJaneMag Brasil

Ekanta faz parte da “família” Universo Paralello, que revolucionou a cena da música eletrônica como a vemos hoje. Sua primeira experiência como DJ se deu em 1998, tocando Ambient no Club Trance Budha, em Amsterdam, Holanda, onde trabalhou em todas as etapas, desde a construção. Em agosto do mesmo ano e em busca de continuar vivendo a sua paixão, voltou ao Brasil com a firme ideia de trazer tudo para “este lado do mundo”. Pouco tempo se passou até que o seu grupo de amigos e familiares se uniu para dar início ao que hoje é uma das mais ricas cenas no cenário mundial. Presença marcante em festivais nacionais como Universo Paralello, 303, Samsara, Tranceformation, Trancendence e Fora do Tempo, ao longo de mais de uma década Ekanta também já se apresentou em vários festivais no exterior: Boom Festival, Voov, Dance Valley, Monte Mapu, Moon Flower, Tundra, Solstice, Full Moon, 24/7. Em 2004 voltou à Holanda para fazer um curso de produção musical pela SAE. Fez também curso técnico em áudio na Escola de Música de Brasília, e lecionou entre 2008 e 20011, cursos de mixagem e DJ.

AZTEC Festival | Foto by Wagner Ortiz​

Ekanta produziu várias tracks com seus filhos Alok e Bhaskar a.k.a.Logica, quando ainda faziam Psytrance.

DJANEMAG Brasil: Vamos começar de onde você é? Conte-nos sobre a sua origem, sua cidade natal, como foi sua infância? Você se lembra do momento em que decidiu ser DJ?

Ekanta: Nasci em Goiânia/GO e na minha infância eu fazia aulas de ballet, queria ser uma bailarina. Na adolescência cursei teatro e sempre quis ser uma artista.  Com 18 anos tive a minha primeira experiência tocando com vinil num club de rock Mephisto, também em Goiânia. Decidi ser DJ já quando eu morava em Amsterdam e me apaixonei pelo Psytrance, e também por um DJ (risos).

DJANEMAG Brasil: Você foi uma das pessoas responsáveis por trazer o gênero Psytrance para o Brasil. Conte-nos um pouco mais sobre essa história.

Ekanta: Estava na hora de voltar ao Brasil depois de morar anos na Holanda, mas eu pensava: “como vou viver sem as festas, sem a música”? Vamos ter que levar isso para o Brasil! Fazer acontecer por lá também! No começo foi bem difícil, as pessoas ainda não conheciam o gênero musical e nem todos gostavam! Eu viajava pra tocar muitas horas de ônibus levando minhas Pick-ups, mas com muita perseverança fomos conquistando o nosso espaço.

Foto by Duygu Davis @duygudavisfilmotography

DJANEMAG Brasil: Quais foram as suas maiores influências?

Ekanta: Quando comecei a tocar ouvia muito “Total Eclipse, GMS, Eat Static, Space Tribe”.

DJANEMAG Brasil: Tem algum ídolo em especial?

Ekanta: Tenho vários! E não só de música eletrônica.

DJANEMAG Brasil: Você faz parte do seleto time da Vagalume Records, que é uma das gravadoras que melhor representa o Psytrance Brasileiro. Qual a importância de um selo na vida profissional de um DJ?

Ekanta: Representar um selo é como uma identidade do artista, um sobrenome, o tipo de música que ele toca, as “tracks” lançadas pela gravadora, bookings, todo o suporte dá uma credibilidade. É um importante“gain” na carreira.

FotoUniverso Paralello | Créditos @_cbfotografia

DJANEMAG Brasil: Conte-nos um pouco sobre a história do Universo Paralello e como surgiu a vontade de realizar um festival voltado para cultura trance no Brasil?

Ekanta: O festival não é só voltado à cultura trance, é multicultural! Queríamos reunir os amigos com música, moda, arte, performance, yoga, meditação, família, tudo junto e misturado numa celebração de Ano Novo. Na primeira edição de 2001/2002 estavam presentes 300 pessoas.

DJANEMAG Brasil: Muitas pessoas não sabem que você é a mãe mais famosa da cena eletrônica brasileira (risos)!  Conte pra nós o que te deixa mais orgulhosa no trabalho dos seus filhos Alok e Bhaskar?

Ekanta: A palavra não é orgulho, é admiração! Eu os admiro como profissionais talentosos, criativos, inovadores e muito responsáveis. Admiro por terem se tornado homens tão especiais, seres humanos com muita consciência e amor no coração.

Ekanta Jake com os filhos Alok e Bhaskar. Foto reprodução Instagram.

DJANEMAG Brasil: Como é a rotina de fazer parte de uma família em que quase todos são DJs? É muito diferente de uma família tradicional?

Ekanta: Não existe rotina, nossa convivência é bem dinâmica. Às vezes nos encontramos em eventos, às vezes viajamos juntos, de vez em quando temos que nos programar para nos ver, mas também já aconteceu de a gente se encontrar em aeroporto por coincidência (risos). O legal é que temos muitas coisas em comum e isso nos une cada vez mais, mesmo com toda a distância e correria do dia-a-dia.

DJANEMAG Brasil: Qual foi o momento mais especial que você viveu na sua carreira como DJ e produtora?

Ekanta: Muito difícil, pois são mais de 20 anos (risos)!

DJANEMAG Brasil: Como você constrói seus sets?

Ekanta: Pensando onde vou tocar, horário, quem toca antes e depois. Também pela escala musical prestando atenção nas notas das músicas, harmonia e na história que quero contar.  Mas às vezes quando chego, mudo tudo dependendo de como está a pista e do momento também.  O DJ tem esse poder, não é?

DJANEMAG Brasil: Atualmente quais são os seus principais desafios como DJ?

Ekanta: Já estou há 20 anos na estrada e viajar é bem cansativo, por isso tenho selecionado bastante os eventos que vou me apresentar. Atualmente procuro tentar fazer apenas uma gig por semana. Sempre tento dar o melhor de mim e trazer o melhor das pessoas que estão na pista e fazer elas se sentirem bem durante meu set. E este sempre foi o meu maior desafio, e para isso tenho de estar bem, né?

DJANEMAG Brasil: Tem alguma novidade chegando?

Ekanta: Estou fazendo um remix de uma track do Alok & Iro, “Love is a Temple” na versão Psytrance!

DJANEMAG Brasil: Os homens dominam o mundo dos DJs. Você concorda com esta afirmação? Foi difícil alcançar o sucesso? O que você pode aconselhar para as DJs mulheres iniciantes que estão apenas começando o seu caminho na profissão!?

Ekanta: É difícil em várias profissões, não só de DJ! Inclusive em termos de valores de caches, o nosso infelizmente ainda é menor! Sigam em frente meninas! E o fato de ser mulher não importa, e sim a boa música!

DJANEMAG Brasil: Para finalizar, vamos com aquela famosa pergunta não menos importante: Qual a sua mensagem para a nova geração do Trance no Brasil?

Ekanta: Para preservarem o verdadeiro espírito do Psytrance!

FotoUniverso Paralello | Créditos @_cbfotografia

Colaboração: Amazônia Line

Siga Ekanta nas redes sociais:

Instagram: @ekantajake

Facebook: Ekanta Jake

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