BRASÍLIA – Em depoimento à Polícia Federal (PF), o DJ Gustavo Henrique Elias Santos, preso na Operação Spoofing, afirmou que teve as contas do WhatsApp e Telegram hackeadas por Walter Delgatti Neto, que confessou ter invadido os celulares de diversas autoridades. O suspeito afirmou ainda que Delgatti mandou uma mensagem a ele se “vangloriando” de ter acessado o aparelho do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e que fez um print da tela do notebook do hacker, contendo ícones do Telegram de autoridades, quando recebeu uma ligação em vídeo de Delgatti. Os depoimentos de Santos, de sua mulher, Suelen Priscila de Oliveira, e do motorista Danilo Cristiano Marques, todos presos pela PF, foram obtidos pela “GloboNews”. Os três suspeitos afirmaram não saber qual é a atividade profissional de Delgatti.

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O DJ disse também que não conhece a técnica usada por Delgatti para invadir contas de Telegram. À Polícia Federal, ele afirmou que o hacker é “simpatizante” do PT e que disse que venderia ao partido as mensagens que obteve, como as do procurador Deltan Dallagnol. Delgatti, no entanto, era filiado ao DEM – e foi expulso após o caso vir à tona – e afirmou aos investigadores que repassou o conteúdo ao jornalista Glenn Greenwald, do site “The Intercept”, sem cobrar por isso.

Santos contou que, em fevereiro deste ano, percebeu que suas contas no WhatsApp e Telegram haviam sido invadidas. Segundo ele, Delgatti confirmou ter feito o acesso remoto. O DJ acrescentou que, no fim de junho, o hacker revelou que usara a técnica também para invadir o telefone de autoridades.

“QUE no final de mês de junho recebeu uma mensagem do TELEGRAM de WALTER NETO, que continua um link de uma matéria jornalística relacionada à invasão do TELEGRAM do Ministro SÉRGIO MORO; que recebeu a mensagem de WALTER NETO de uma outra conta que ele havia habilitado no TELEGRAM; QUE mantém em sua conta do TELEGRAM a mensagem recebida de WALTER NETO com a reportagem sobre a invasão do celular do Ministro SÉRGIO MORO; QUE nesta mensagem WALTER NETO se vangloriava de ser o autor da invasão do TELEGRAM do Ministro SÉRGIO MORO; QUE passado alguns dias recebeu uma ligação de vídeo de WALTER NETO pela qual ele filmou a tela do seu notebook onde tinha vários ícones de TELEGRAM separados por nome; QUE o DECLARANTE fez um print da filmagem realizada por WALTER NETO, que está armazenada em seu celular; QUE WALTER NETO nunca explicou para o DECLARANTE como era feito o procedimento para obtenção de códigos de acessos do TELEGRAM de outras pessoas, mesmo porque nunca teve interesse em tomar conhecimento desse assunto”, diz o depoimento.

Santos atribuiu os R$ 99 mil em dinheiro vivo que foram encontrados pelos agentes da PF em sua casa ao lucro de operações com bitcoin. Ele não informou, no entanto, as chaves de acesso para que a PF pudesse verificar as operações dele com criptomoedas. Ele negou também ter atuado com Delgatti em fraudes bancárias.

Em depoimento, Suelen também negou que o DJ estivesse envolvido nas invasões dos celulares de autoridades. Já Danilo afirmou que conhece Delgatti desde 2002 e que, em 2016, chegou a comprar dólares para o amigo, a pedido dele.

Os quatro presos na Operação Spoofing tiveram a prisão temporária prorrogada por mais cinco dias. Para justificar o pedido de prisão, a PF afirmou que ainda precisa realizar diligências como o rastreio de operações com cripto moedas e o desbloqueio do aparelho telefônico de Danilo.

Fonte: O GLOBO